quinta-feira, 29 de janeiro de 2015


TRATAMENTO DE CÂNCER

Pacientes aguardam repasse do Ministério

29.01.2015

União não repassa recursos e Hospital São Vicente continua sem receber novos pacientes na Oncologia

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Quem já está em tratamento, continua, mas a fila de espera não anda
FOTOS: MIRELLY MORAIS
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Os pacientes não têm queixas em relação aos seus tratamentos, mas não se imaginam na situação de quem aguarda para se tratar
Barbalha. A situação do setor de Oncologia do Hospital São Vicente de Paulo, neste município, continua incerta. O Ministério da Saúde ainda não se manifestou sobre a decisão da Justiça Federal, que determinou o aumento no valor do repasse para a Unidade Hospitalar.
A decisão da Justiça Federal do Ceará foi para que a União aumente, em R$ 250 mil, o repasse mensal de verbas para o Hospital São Vicente, inclusive com tutela antecipada exigindo o cumprimento imediato, buscando assegurar o tratamento dos pacientes que se encontram na lista de espera. O repasse deveria ser efetuado já no mês de janeiro, sob pena de multa no valor de R$ 2,5 mil por dia, em caso de atraso.
O teto de pagamento fixado pelo setor de oncologia gira em torno de R$ 600 mil. A direção do hospital alega já ter solicitado a ampliação do teto financeiro não tendo, até o momento, recebido nenhuma resposta do órgão federal.
Segundo as informações do com o Assessor Jurídico do Hospital, Amilcar Leite, até o momento não houve nenhuma notificação por parte do Ministério da Saúde, nem qualquer manifestação quanto ao repasse para o Hospital, que, pela decisão, já deveria ter sido realizado durante este mês de janeiro.
Ele afirma que, como a Unidade Hospitalar não é parte na Ação movida pela Justiça Federal, não tem informações mais precisas. "Recursos, não recebemos, e, como o trâmite da Ação independe da gente, o Hospital só pode aguardar as providências do Ministério Público Federal, que é o autor da Ação. O Ministério da Saúde tanto pode decidir por acatar e enviar quanto pode recorrer da ação, aí isso é com a Justiça. Não temos conhecimento", explica.
Segundo Amilcar, o Hospital continua atendendo acima do teto recebido, e não vai interromper os tratamentos iniciados, mas novos pacientes diagnosticados com câncer na região não poderão realizar o tratamento no São Vicente, que é o único credenciado a prestar serviços na macro região do Cariri, recebendo demanda de mais de 40 municípios.
O assessor diz que, apesar de as contas já virem há algum tempo fechando no vermelho, os pacientes já em tratamento, não serão prejudicados. Mas a demanda reprimida, que hoje já é de mais de 150 pacientes, continuará na fila de espera, sem previsão de iniciar tratamento. Um dos problemas, segundo ele, é que nem todo paciente que inicia tratamento é de forma temporária. Alguns permanecem em tratamento contínuo, que dura anos, impossibilitando que outra pessoa seja beneficiada com a abertura da vaga.
O aposentado Francisco Alves já é acompanhado pelo Hospital e não corre risco de ter o seu tratamento interrompido, mas diz estar preocupado com a situação dos novos pacientes.
"Ser diagnosticado com câncer é um momento de vida muito difícil. Você sendo tratado já não tem garantias de sobreviver, imagina quem não tiver a chance de um tratamento como eu estou tendo aqui. É só entregar a Deus e esperar a hora".
A também aposentada, Lucia Maria, hoje curada de um câncer de útero após tratamento na Unidade Hospitalar de Barbalha, lamenta a situação e diz que o Hospital é única esperança para muitos na região. "Fui muito bem tratada no Hospital São Vicente e graças ao tratamento que fiz estou completamente curada. Depois de seis anos vejo essas dificuldades enfrentadas pela Oncologia com muita tristeza, pois o tratamento imediato representa a única chance de vida para muitos e a região é dependente deste serviço".
Quimio e radio suspensas
O Assessor jurídico explica que as cirurgias continuam sendo realizadas, mas os tratamentos de radioterapia e quimioterapia não estão mais à disposição de novos pacientes. "O setor não suporta mais, não há salas disponíveis para aumentar o recebimento de mais demanda, a capacidade está estrangulada, a quimioterapia é o grande calo, pois não há espaço para novas salas de tratamento. As salas estão cheias e o atendimento se prolonga até às 22 horas para atender a demanda. O que queremos é humanizar mais ainda o tratamento, aumentando a capacidade para melhorar essas condições para os pacientes," afirma.
Ainda insuficiente
A quantia de R$ 250 mil estipulada pela Justiça Federal, conforme Amilcar ainda é insuficiente para aumentar a prestação de serviços. Segundo ele, este recurso, caso repassado, só garantirá o atendimento da demanda reprimida atualmente, sem possibilidade de crescimento para o setor absorver mais pacientes.

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