terça-feira, 24 de março de 2015


VOLUNTÁRIOS DA SPA

Maus-tratos contra animais já são mais de 100 no trimestre

24.03.2015

Uma das entidades mais atuantes na proteção animal, a SPA-CE supera desafios na luta em favor dos bichos

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Presidente da Sociedade Protetora Ambiental do Ceará (SPA), Márcio Sousa, e grupo de voluntários recebem denúncias e encaminham para cobrança legal dos responsáveis. A visita ao local da ocorrência integra a ação
FOTOS: ARQUIVO SPA-CE
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A partir da abertura do Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO), a Polícia instaura inquérito para apurar as denúncias encaminhadas pelos protetores da SPA-CE em Fortaleza e Região Metropolitana
Fortaleza. Casos de maus-tratos a animais continuam crescentes na Capital cearense e em sua Região Metropolitana. A Sociedade Protetora Ambiental do Ceará (SPA) fechou o ano de 2014 com o registro médio de 400 denúncias. Por mês, no atual trimestre, superam os 35 casos. "Em geral são maus-tratos caracterizados pelo abandono e agressões físicas", afirma o presidente da SPA, Márcio Sousa.
Ele diz que, quase diariamente, a entidade é comunicada de situações de espancamento de animais, envenenamento, cachorros presos com pequenas correntes ou cordas, bichos em local sem entrada de luz, ventilação, sob sol, chuva ou frio, sem cuidados higiênicos ou com membros mutilados.
"Não importa como, todos os dias pela TV ou pela internet, assistimos notícias tristes com vídeos e relatos de maus-tratos e abandono de animais. Devido à falta de estrutura e recursos financeiros, 50% das chamadas não podemos atender, então selecionamos as ações que classificamos como mais graves como prioridade juntamente com registro do denunciante para facilitar nossa ação",explica ele.
Parceria
A SPA faz questão de destacar que também entra na lista de maus-tratos não levar o animal ao veterinário se estiver doente ou ferido, bem como a comercialização de animais silvestres em feiras livres.
Nos últimos dois anos, a SPA, em parceria com a Polícia Militar, já encaminhou cerca de 500 Termos Circunstanciais de Ocorrência (TCO).
"Porém, tomei conhecimento que algumas destas pessoas não foram presas, mas estão respondendo criminalmente por crimes ambientais", afirma ele, complementando que, infelizmente, a lei é branda. "Como é considerado um crime de menor potencial ofensivo, muitas vezes esses indivíduos, quando são conduzidos às delegacias e atuados pelo artigo 32 da lei 9605-98, onde a pena que é de de 3 meses a 1 ano mais multa, se tornam penas alternativas ou mesmo com pagamento de cesta básica. Assim não chega a nosso conhecimento quantas pessoas ao certo estão respondendo aos TCOs. Em sua maioria, a SPA-CE só acompanha os fatos até as delegacias".
Abandono
Márcio Sousa reconhece que, no Estado, os casos de abandono atingem mais os gatos. O problema é evidente nas praças públicas das cidades. No entanto, em termos de denúncias registradas pela entidade, os maus-tratos vitimam mais os cães.
"Isso se deve principalmente pelo fato de pessoas, que considero cruéis, batem nos seus cães com intuito não de repreender e sim torturar a troco de nada. Enquanto isso, outras pessoas preferem abandonar, principalmente quando o animal adoece e os mesmos não querem gastar dinheiro com veterinário", constata ele.
Na sua avaliação, quando uma pessoa se predispõe a ter um animal de estimação deve estar consciente de que assume uma responsabilidade por toda a vida do bichinho.
Além de casos envolvendo cães e gatos, a SPA também atua muito na ação em defesa de animais da fauna brasileira. Numa parceria com a Polícia Militar, têm acolhido denúncias sobre o comércio ilegal de pássaros, cobras que aparecem em área urbana, as quais são denominadas pela linguagem popular de "cobra de veado". "São casos variados, até de coelhos, ou o aparecimento de jacaré em pequenos riachos, como aconteceu recentemente no Tabapuá". A Sociedade de Proteção Animal atua após acolhimento das denúncias. Após averiguar todas as informações recebidas, os voluntários da entidade, sob a liderança de Márcio Sousa, realiza o que chamam de "visita social".
"Nós vamos até o local e procuramos agir em defesa dos direitos dos animais, adquirir provas com a meta de informar aos órgãos competentes a materialidade do crime. De imediato informamos à PM por meio de ocorrência via Ciops, para que sejam adotadas, providências cabíveis em razão do fato constatado".
Como não dispõe de infraestutura adequada, como transporte, imóvel ou médicos veterinários, a SPA não resgata os animais para abrigo. Em casos extremos, em que é necessário a retirada do animal do local, a entidade conta com ajuda de terceiros. Em casos de doenças graves ou atropelamentos, afim de acabar com sofrimento, os animais são levados para o Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza. "São animais praticamente em estado terminal, vítimas de má ação humana", explica ele.

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