terça-feira, 12 de maio de 2015


OPERAÇÃO FIDÚCIA

Empresário foragido nos EUA é preso pela PF em Fortaleza

12.05.2015

Fernando Hélio Alves era o único que ainda faltava ser localizado na ação que apura fraudes contra a CEF

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Dentre as apreensões estão veículos de luxo, incluindo Porsche, BMW, Mercedes e até um Maserati. Todos os envolvidos nas investigações tiveram os bens bloqueados por determinação da Justiça Federal no Ceará
FOTO: ÉRIKA FONSECA
O último empresário investigado na 'Operação Fidúcia' da Polícia Federal que faltava ser localizado foi preso na última sexta-feira (8), em Fortaleza. Fernando Hélio Alves Carneiro estava nos Estados Unidos e se entregou ainda no Aeroporto Internacional Pinto Martins.
De acordo com os advogados que representam Fernando, ele se apresentou espontaneamente à Polícia logo ao desembarcar na Capital cearense. A defesa do empresário, formada pelos advogados Flávio Jacinto e Cláudio Queiroz, já protocolou pedido de extensão da decisão do Tribunal Regional da 5ª Região (TRF 5),que concedeu liberdade aos demais investigados. Todos os outros suspeitos que foram presos, inclusive os quatro réus já denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF-CE), obtiveram habeas corpus e estão em liberdade.
O empresário é investigado por participação em fraude milionária através de empréstimos obtidos de maneira irregular junto à Caixa Econômica Federal (CEF), em esquema que conta com aproximadamente 31 pessoas envolvidas, entre empresários, funcionários e gerentes da Caixa e 'laranjas'.
Ainda conforme os advogados, Fernando não estava foragido, como foi divulgado pela PF. "Quando a decisão foi proferida, ele não se encontrava no Brasil, já que mora nos Estados Unidos. Logo que retornou ao Brasil, comunicou às autoridades e se entregou", afirmou Queiroz. Entretanto, um mês após a deflagração da operação, o nome de Fernando Hélio foi incluído no sistema de Difusão Vermelha, para que a Interpol auxiliasse no cumprimento ao mandado de prisão emitido. O empresário, assim como os demais presos na operação, foi levado à Delegacia de Capturas (Decap), no Centro.
Prazo
O MPF denunciou quatro dos 31 investigados pelos crimes listados pela Polícia Federal. Foram eles os empresários Ricardo Alves Carneiro, 43; Diego Pinheiro Carneiro, 27; José Hybernon Cysne Neto, 56; e o ex-gerente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal (CEF), Israel Batista Ribeiro Júnior, 43. O órgão informou que outras pessoas ainda serão denunciadas mas não há prazo para o procedimento.
Os advogados Leandro e Eugênio Vasques, que representam Hybernon, bem como Adailton Campelo, que atua à frente da defesa de Israel, apresentaram defesa prévia dos dois réus na última sexta-feira (8). O prazo legal para apresentação da documentação era até ontem.
Já os advogados Flavio Jacinto e Cláudio Queiroz têm até amanhã para fazer o mesmo por Ricardo Alves e Diego Pinheiro. Até o fechamento desta edição, os documentos não haviam sido enviados à Justiça.
Trabalhos
A ação foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) na manhã de 24 de março. Conforme a investigação, a organização criminosa atuava em Fortaleza com fraudes milionárias junto à Caixa Econômica Federal (CEF). O prejuízo causado pela quadrilha, de acordo com a PF e o MPF, pode chegar aos R$ 100 milhões.
As investigações apontaram que a organização fraudava contratos de financiamentos em agências bancárias da Caixa em Fortaleza. Ao todo, a 32ª Vara da Justiça Federal expediu 56 mandados judiciais, sendo 5 mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária, 14 mandados de condução coercitiva e 25 mandados de busca e apreensão contra empresários e servidores do banco, inclusive gerentes, envolvidos no suposto esquema fraudulento.
Segundo as denúncias, financiamentos e empréstimos bancários foram feitos com uso de documentos falsos e empresas de fachada, causando, à primeira vista, um prejuízo de aproximadamente R$ 20 milhões. Pelo menos 13 pessoas teriam sido utilizadas como 'laranjas' no esquema. Dentre elas, destacam-se por exemplo, um pedreiro, uma diarista e uma tapioqueira, dentre outros, que tiveram seus nomes citados.
Todos os envolvidos nas investigações tiveram os bens bloqueados. Dentre as apreensões estão veículos de luxo, incluindo Porsche, BMW, Mercedes e até um Maserati, avaliado em R$ 1 milhão. Um avião de pequeno porte também estava em posse da quadrilha. Os estelionatários agiam em conjunto com gerentes de quatro agências da Caixa em Fortaleza.
Investigação
O então gerente da Caixa Econômica Federal (CEF), Israel Batista Ribeiro Júnior, foi peça-chave na liberação de vários empréstimos obtidos pelo grupo responsável por fraude milionária à instituição, conforme as investigações. A reportagem apurou que, no período de maio de 2012 a maio de 2013, ele concedeu 17 financiamentos fraudulentos a empresas investigadas pela Polícia no valor de R$ 15, 8 milhões.
Os investigadores descobriram que ele obteve transferências eletrônicas de milhares de reais em sua conta.

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