segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Pauta do impeachment limita debate

Domingos Neto critica o Parlamento por insistir na pauta do impeachment para sair da crise ( FOTO: ÉRIKA FONSECA )
Embora a possível abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff divida a bancada cearense na Câmara dos Deputados, parlamentares da base e da oposição corroboram a avaliação de que o prolongamento da discussão atrapalha ainda mais a busca de soluções para a crise atual, além de revelar limitações do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional em apontar outras saídas.
Favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, o deputado Danilo Forte (PSB) avalia que o Executivo e o Congresso Nacional pecam ao não construir nenhuma resposta mais eficaz no enfrentamento à crise política e econômica.
"A pauta para o Brasil, em vez de focar no pacto federativo, na discussão de saídas para a crise, virou única e exclusivamente a pauta do impeachment. Grave é que isso acontece num momento em que é urgente retomar o debate de recuperação da economia", destaca, justificando que a sociedade precisa se mobilizar. Ele afirma que o Parlamento está anestesiado e, por isso, é difícil prever como se comportará em um eventual julgamento de processo de impeachment.
Aliado da presidente Dilma Rousseff, o deputado Chico Lopes (PCdoB) é contra o processo de impeachment e analisa que a concentração neste debate atrapalha a busca por soluções. "Como pode ter tranquilidade com a presidente não tendo segurança? Temos uma crise econômica, política e ética. A ética e preocupação com o País estão em segundo plano", aponta, reforçando que, ao insistir na tese do impeachment, o Congresso fragiliza ainda mais a credibilidade.
Instabilidade
Outro defensor do impeachment, o opositor Raimundo Gomes de Matos (PSDB) afirma que o prolongamento do debate em torno do processo amplia o momento de instabilidade política e econômica, mas transfere a culpa para o Palácio do Planalto. "A instabilidade preocupa e, por isso, a gente precisa ter pressa. Cada procedimento que o governo apela, amplia a instabilidade", alega. Ele diz não acreditar na recuperação da estabilidade.
"O Governo continua a fazer a reconstrução de suas bases com a liberação de nomeações de segundo e terceiro escalão. Mas isso não garante a estabilidade. O que está faltando é o diálogo franco", observa.
Já Domingos Neto (PROS) critica o Parlamento ao destacar que, embora todos cobrem soluções do Executivo, a única alternativa que apresentam é o impeachment. O deputado federal Arnon Bezerra (PTB) também diz acreditar que a Câmara se fragiliza ao insistir em tese sem sustentação jurídica.

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