domingo, 29 de novembro de 2015

Museu de Arqueologia de Mauriti vai funcionar em 2016

Boa parte do acervo foi encontrada no Sítio Anauá, onde há também inscrições rupestres
Mauriti. Este município, localizado no Cariri Leste do Estado, passará a contar, até o próximo ano, com um Museu de Arqueologia, o qual abrigará mais de 2 mil peças pré-históricas, oriundas de escavações dos sítios Anauá, Santo Antônio, Chapada e Olho D'Água. Atualmente, o acervo mantém-se depositado na Universidade Estadual do Ceará (UFC), Campus do Itaperi, na capital cearense, "sob o argumento da inexistência de uma instituição qualificada para receber o material em nosso município", como explicou o prefeito Evanildo Simão (PT).
"A criação do Museu de Arqueologia irá permitir a preservação e proteção da experiência histórica, da cultura e da identidade local, contribuindo tanto para a salvaguarda patrimonial quanto para a extroversão do conhecimento já produzido sobre a cidade", avalia Evanildo. Ele será instalado no prédio da antiga Secretaria de Cultura. O investimento inicial está orçado na ordem de R$ 274 mil.
O objetivo do projeto, com duração prevista para 12 meses, e que está em conformidade com a Política Nacional de Museus, é "preservar, pesquisar, documentar, conservar, expor e difundir o patrimônio cultural arqueológico do município com a finalidade de promover a reflexão crítica sobre a cultura, a memória, a identidade e fomentar perspectivas de desenvolvimento sustentável para região".
Ao fim do primeiro ano, a coordenação do projeto espera ter catalogado, higienizado e armazenado o acervo em condições adequadas; reformado o prédio para abrigar o acervo e suas condições museológicas; e, por fim, a exposição de abertura do museu.
Potencial
De acordo com relatório dos Estudos Integrados do Patrimônio Cultural, Mauriti abriga enorme potencial arqueológico com recomendações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) "para uma atenção redobrada quanto a este patrimônio". O Iphan é o órgão responsável pelo acompanhamento das etapas de construção e funcionamento do equipamento histórico.
A coordenadora geral do projeto, Manuelina Maria Duarte Cândido, ressalta que "como instituição de memória, o Museu cumprirá a sua missão de preservação e proteção da experiência histórica, da cultura e da identidade social, tornando-se referência para a população que ainda não possui acesso ao seu patrimônio". A especialista lembra que, além dos sítios pré-históricos, existe grande quantidade de sítios-colônias, muitos ainda a serem pesquisados.
Professores da Universidade Federal do Cariri (UFCA) comemoram a iniciativa ao defender a ampliação de pesquisa nas áreas onde descobertas já foram feitas. Estima-se que existam mais de 15 sítios arqueológicos na região. Isso porque, segundo estudiosos, o território serviu como área de moradia e abrigo a inúmeras tribos, além dos índios Kariris. As tribos teriam sido atraídas pela existência de mananciais perenes de água. Caso exista a comprovação de que Mauriti serviu como portal de entrada para diversas tribos indígenas vindas de outros estados do Nordeste, poderão ocorrer mudanças em relação ao povoamento da região.
Benefícios
Conforme o cenógrafo e museógrafo André Scarlazzari, a criação do Museu permite gerar um equipamento cultural até então inexistente na cidade, além de criar um ponto de apoio para pesquisadores e usuários do turismo científico e cultural.
No âmbito econômico, estima-se que o Museu deva aumentar a oferta de atrações turísticas locais, impulsionando o setor de serviços, relacionados à hospedagem, alimentação e transporte. O gestor municipal acrescenta que a criação do Museu "em área de grande potencial arqueológico" poderá impulsionar a descentralização da produção científica e do turismo cultural, "gerando fontes alternativas de emprego e renda para a população, além de atrair investimentos das universidades em formação específica nas áreas afins".
"A cidade toda será beneficiada. Com a chegada do equipamento, novos empreendimentos devem ser instalados, para garantir conforto e segurança aos visitantes. Além disso, buscaremos cursos para capacitação daqueles interessados em atuar nas áreas de hospedagem, recepção e uma gama de outros setores que serão movimentados", avalia Evanildo Simão.
Ao longo de um ano, semanalmente, serão ofertadas oficinas de Educação Patrimonial voltadas à professores, estudantes e guias turísticos. Nestas 50 oficinas serão discutidos conceitos de patrimônio, memória, identidade e museu. "Iremos preparar não somente o setor econômico, mas, também, fomentar a cultura e o conhecimento entre os nossos munícipes", finaliza Evanildo Simão.

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