terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Doutoranda realiza pesquisa sobre a estrutura de coleta de lixo em Juazeiro


Foto André Costa
Foto André Costa

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que 63,6% dos municípios brasileiros utilizam lixões para destinação final de resíduos sólidos. Juazeiro do Norte é um desses municípios e, por essa razão, passo a ser objeto de estudo da doutoranda Anny Feitosa, do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.
O objetivo de Anny, segundo conta, é propor alternativas para a coleta seletiva de resíduos na cidade. “Hoje os resíduos sólidos gerados no município são encaminhados para locais a céu aberto que não obedecem qualquer medida de proteção sanitária e ambiental”, afirma a discente. Para elaborar a pesquisa, Anny está trabalhando em cinco etapas.
A primeira foi a elaboração de um diagnóstico sobre a realidade dos resíduos sólidos gerados no município. Na segunda, realizou-se a análise gravimétrica dos resíduos sólidos domiciliares, ou seja, a caracterização e tipologia dos resíduos gerados nos domicílios. Participaram da pesquisa 53 famílias, residentes em seis bairros, de diferentes estratos socioeconômicos (conforme classificação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), durante os meses de abril, junho e agosto de 2016, para privilegiar diferentes épocas do ano, chuvas e temperatura.

doutoranda Anny Feitosa, do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.
doutoranda Anny Feitosa, do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.

“Já foi possível perceber que a geração de resíduos sólidos per capita é menor do que a média registrada em literaturas da área. O lixo recolhido não passa por triagem e há apenas duas associações que atendem, majoritariamente, a empresas, não chegando aos domicílios”, explica Anny.
Ainda no segundo momento da pesquisa, a discente avaliou os hábitos de descarte dos 53 domicílios participantes. A maioria dos resíduos gerados (41,7%) é de orgânicos, seguido de resíduos de plásticos e papéis (ambos representando 24,23% do total de resíduos gerados).
“As pessoas acreditam que geram mais lixo reciclável em função do volume que os materiais ocupam, mas na verdade os resíduos orgânicos são gerados em maior quantidade”, explica ela, acrescentando que a maioria dos entrevistados não tem o hábito de utilizar a logística reversa para a destinação correta de produtos como pilhas e baterias. “Muitos comércios recolhem esses materiais para a destinação correta, porém é uma prática que não tem a adesão da população”.
Na terceira etapa da pesquisa, Anny aplicou 350 entrevistas em 38 bairros da cidade, com número de participantes de cada bairro proporcional ao número de domicílios do município. Os dados coletados tratam sobre variáveis socioeconômicas dos indivíduos, como renda, idade, escolaridade, bairro de moradia, conhecimento sobre coleta seletiva, envolvimento com projetos de coleta seletiva, interesse em participar, entre outros. Foi possível, ainda, conhecer a Disponibilidade a Pagar (DAP) dos entrevistados pelo serviço ambiental da coleta seletiva.
A partir disso, em uma quarta etapa, Anny elaborará um modelo econométrico sobre as variáveis que influenciam a disponibilidade de a população pagar pela coleta adequada dos resíduos sólidos. Só então, na quinta etapa, com previsão de ser realizada durante o ano de 2018, ela deve propor alternativas para a coleta seletiva de resíduos de Juazeiro do Norte, que considerem a composição e a quantidade do resíduo gerado, assim como a valoração econômica do serviço ambiental, em uma perspectiva de sustentabilidade ambiental, econômica e social.
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