terça-feira, 23 de maio de 2017

Contracultura e memória LGBTT

Image-0-Artigo-2244939-1
O lançamento reuniu músicos, mestres e produtores do Cariri para discutir o fazer jornalístico e memória LGBTT e da contracultura nos anos 70 ( Foto: Giovanna Duarte )
Reunir amigos, discutir histórias e expandir a pauta. Esses foram os caminhos que o Jornal Sertão Transviado, publicação vinculada ao projeto Sertão Transviado: Outros Cariris das Pró-reitorias de Extensão e de Cultura da Universidade Federal do Cariri, traçou no lançamento da 9ª edição, no último dia 19, em parceria com o SESC Crato. O palco do Teatro Adalberto Vamozi foi espaço para encenar a memória LGBTT e da contracultura no Cariri dos anos 70.
O professor do curso de Jornalismo e tutor do projeto, José Anderson Freire Sandes, destacou a importância do ensino aprendizagem no processo de elaboração, apuração e desenvolvimento da pauta jornalística, além disso, resgatou um pouco da sua memória sobre o teatro nos anos de chumbo.
"O Cariri é uma região mística, onde o mito do cangaceiro predomina e, apesar disso, há uma presença forte da cultura LGBT, e nós jornalistas sempre temos olhado para esse palco da vida no jornalismo, que é imenso", explica ele. O cantor João do Crato, ao lado de Blandino Lobo, Luiz Carlos Salatiel e o músico Adiboral Jamacaru, discutiram como um movimento subversivo de vanguarda produzia arte de contestação na região.
Abidoral falou sobre a movimentação na sua antiga casa, conhecida como Casa dos Cabeludos, Blandino sobre a icônica cachaça Xá de Flor e Salatiel sobre o coletivo OCA. "Muitas vezes, nós fomos apedrejados. Antigamente, as pessoas passavam por nós, reunidos ali na praça da Sé e se benziam ou atravessavam a rua. Nós resistimos e fizemos um movimento cultural Cariri adentro", diz João.
Pesquisa
O proponente do projeto e estudante do curso, Ribamar Moreira, pontua que produzir essa edição foi um trabalho que exigiu mais a escuta do que a escrita. "Foi preciso realizar uma pesquisa documental sobre a memória de um Cariri que, por vezes, não foi contada ou registrada. Fazer a 4ª edição do Transviado abriu horizontes para nós. Estudantes resgatarem a memória LGBTT e a força da arte marginal na região". A capa do jornal foi uma releitura do disco Panis et Circenses da Tropicália. Cheia de símbolos do misticismo no Cariri, o registro feito pelo fotógrafo Carlos Lourenço reuniu Dona Edite do Coco, Mestra Margarida Guerreira, Adriano Aniceto, Jorge Hippie, Mãe Célia de Oxum, Blandino Lobo, João do Crato, Adiboral Jamacaru, Carlos Salatiel, Valéria Carvalho e dois registros em homenagem à Dona Ciça do Barro Cru e a Beata Maria de Araújo.
O jornal é um periódico bimestral, que busca fazer uma comunicação plural. Para 2017, quer lançar mais três edições na meta de salvaguardar histórias marginalizadas e construir uma imprensa LGBTT no Cariri.

Nenhum comentário:

Postar um comentário