sábado, 16 de setembro de 2017

Alteração no mar ameaça tartarugas em Itarema

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Fortaleza. A natureza não muda. Os passos continuam lentos e alheios a um mundo hostil à própria espécie. Igualmente vagarosa é a luta pela preservação das tartarugas. No passado, não muito distante, o problema maior para esses animais era a captura pelos pescadores artesanais. Algumas espécies ficavam presas em "currais", que é uma intervenção original da região para a captura do pescado. A prática foi danosa, até surgir uma consciência ambiental pela preservação.
Agora surge um novo problema, e não menos grave. A alteração do oceano mudou o Potencial hidrogeniônico (Ph) da água e isso tem afetado algas e corais, que são as chamadas florestas marinhas e fontes de alimento dos animais, particularmente das tartarugas. Um estudo científico que tem avançado na identificação desse processo é de iniciativa do professor do Labomar Marcelo Soares.
Concentração
A pesquisa foi concentrada no litoral do Pecém e Paracuru. Conforme explicou, o Litoral Oeste, na Zona Norte do Estado, é mais propício a essas espécies, em vista do sistema recifal.
"O atual quadro é de difícil reversão, mas é possível ser atenuado", afirma o professor. Com o agravamento do fenômeno El Niño, que preponderou pelo último ciclo de seca, Marcelo percebeu um branqueamento dos corais, que impacta na fonte de alimento das tartarugas.
O coordenador regional do Projeto Tamar (contração das palavras tartaruga e marinha), em Itarema, Eduardo Lima, reconhece que o aquecimento global é um problema que se apresenta de forma catastrófica para muitas espécies terrestres e marinhas. Segundo Eduardo, o clima na região tropical é modulado sobre o que acontece nas bacias oceânicas. A circulação do vento é afetada pela ação dos oceanos e, uma vez afetando a circulação atmosférica, acarreta nos fenômenos climáticos do oceano. Melhor explicando, o diretor do Tamar em Itarema salientou que é um problema para todos os indivíduos vivos. Com ele, diversas questões virão.
Potencial
O Ceará é uma das mais importantes áreas de alimentação e descanso para a tartaruga verde ou Aruanã (Chelonia mydas). "Mas ocorrem todos as cinco espécies existentes no Brasil. Hoje ainda não percebemos uma redução nas populações de tartarugas verdes que frequentam o litoral cearense por conta disso, mas observamos que, nesse momento, a falta de chuvas que assola a região diminuiu muito a permanência de animais na nossa áreas de trabalho que seria Itarema e Acaraú", explica.
Poucos machos
Em áreas de desova, já existem vários estudos revelando que o aumento da temperatura geraria mais fêmeas que machos, trazendo sério desequilíbrio para as populações desses animais. Só isso já jogaria as tartarugas para um maior aumento no risco de extinção, já que se trata de animais extremamente dependentes de temperatura para seu ciclo biológico.
Em Itarema, vêm de longe os relatos de comercialização de carne marinha proveniente das tartarugas naquele trecho do litoral. Foi por conta dessas denúncias que o Tamar instalou, em 1992, o posto mais avançado ao Norte do Brasil, com o objetivo de prevenir e inibir a captura do animal marinho.

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