sábado, 16 de setembro de 2017

Produtores cearenses buscam revitalizar a cultura do caju


Os produtores de caju que resistem no Estado do Ceará anseiam por chuvas e também por mais assistência técnica para incrementarem as plantações ( Fotos: Alex Pimentel )




Quem cruza as estradas dos municípios de Ocara, Chorozinho, Aquiraz e Pacajus se encanta com a cor e o cheiro
Ocara. Após um longo período de estiagem, o caju, pseudofruta tropical brasileira muito apreciada, está voltando à mesa do cearense. O período de colheita deste ano já começou na região mais tradicional dessa cultura agroindustrial no Estado.
Quem cruza os municípios de Ocara, Chorozinho, Aquiraz e Pacajus, percebe, no olhar e no perfume, a sua chegada. Mesmo assim, neste ano, o Ceará deve colher apenas 42 mil toneladas de castanha. Esses números representam apenas 37% da sua produção. A estimativa é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Alheio a esse retrocesso, quem passa pela BR-122, ainda em Ocara, não resiste e acaba parando. Um balde, com 28 a 30 unidades, incluindo a castanha, custa R$ 8. O saquinho de castanha, torrada em casa, varia de R$ 5 a R$ 10. O potinho de doce sai a R$ 7. Os produtos são vendidos na beira da rodovia pelos agricultores que moram logo abaixo da faixa de recuo. Como a produção voltou aos cajueiros, é botar em cima do balcão e aguardar o freguês passar.
Motivo de festa
"Saboreá-la, na fatia, no doce, no suco, são as maneiras mais apreciadas nos lares cearenses, principalmente quando ainda está fresquinha. A colheita era até motivo de festa em Ocara, mas, como não apareceu nos últimos anos, não havia motivo para comemorar.
Se no próximo ano o inverno voltar, vai ter festa do caju novamente por aqui", explica o agricultor Erandir de Lima. Nesta época do ano, ele começa a comercializar caju na beira da rodovia, a pouco mais de 5 quilômetros do Centro da cidade de Ocara, que já foi conhecida como "Terra do Caju".
Considerado o epicentro da cultura do caju no Estado, o Município de Ocara anseia a revitalização dessa cultura, apesar de a colheita se estender pelos próximos meses, até antes do início da próxima estação chuvosa, melhor amparo técnico aos produtores da região.
Incentivo
Por meio da sua Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, o Município pretende incentivar os produtores a subsistirem os cajueiros gigantes por anões, precoces. A mudança agregará mais valor produtivo, explica o secretario Antônio Salviano Ferreira.
O coordenador de Projetos da Secretaria de Agricultura de Ocara, Sebastião Ribeiro Gomes, conhecido como Tião Gomes, afirma ter relação com a cajucultura há mais de três décadas. Reconhecido especialista na região, ele estende seus conhecimentos as outras áreas produtivas.
O Vale do Acaraú, onde hoje estão concentrados os maiores produtores do Estado, é um exemplo. A produção nos municípios de Itapipoca, Amontada, Cruz, Bela Cruz e Acaraú é constante. De lá, são os frutos são transportados diariamente para o Sudeste do País.
A respeito do Ceará no cenário da cajucultura, conforme o supervisor de fruticultura da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) do governo do Estado, engenheiro agrônomo José de Sousa Paz, ainda apresenta posição de destaque no cenário nacional no tocante à sua exploração. O cultivo abrange todo o litoral, estendendo-se a diversos municípios do Semiárido, constituindo-se como uma das poucas e rentáveis opções de exploração da agricultura local e regional.
Hoje, essa cultura ocupa uma área total 384.905 hectares sendo 280.820 de caju comum e 104.085 de caju anão. Em 2016, apesar da estiagem, alcançou uma produção de 15.548 toneladas de caju comum e 15.420 toneladas de anão.
De acordo com os dados apresentados, a área de caju anão representa apenas 25% da área total colhida, entretanto, foi responsável, na safra de 2016, por 50% da produção total de castanha. Demonstra-se, ainda, predominância no cultivo do cajueiro comum de idade avançada, porte alto, submetidos a manejos inadequados e, consequentemente, alcançando baixos níveis de produtividade.
Projeto estadual
Objetivando revitalizar as áreas exploradas, tornando-as mais produtivas, o governo do Estado implementou o Projeto de Expansão e Recuperação da Cajucultura do Ceará, que está dividido em dois sub-projetos.
Um deles é o de distribuição de mudas de cajueiro anão precoce. O produtor faz o cadastro e sua demanda com antecedência, recebe as mudas no período de janeiro até março, em seu município/comunidade, realiza o plantio e faz o pagamento de R$ 3 por muda no quarto ano após o plantio.
O outro sub-projeto é o de Substituição de Copas em Cajueiros Improdutivos, executado por meio da tecnologia de substituição de copas. Ele consiste no corte das plantas improdutivas e a técnica da enxertia nas suas brotações.
O governo repassa um subsídio aos produtores beneficiados nos valores de R$ 7 para plantas com perímetro até 0,70 m e R$ 12 para plantas com perímetro entre 0,70 m e 1,00 m. O projeto tem como beneficiário o agricultor familiar que tem Declaração e Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) -DAP e está situado em municípios pertencentes aos polos da cajucultura.

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