sábado, 20 de janeiro de 2018

Após resolução que regulamenta Uber, MBL rompe com prefeito João Doria

Integrantes do MBL colam cartazes contra João Doria na avenida Paulista (Foto: Reprodução/Youtube)
Antes aliado próximo durante campanha, o Movimento Brasil Livre (MBL) rompeu laços com o prefeito de São Paulo João Doria (PSDB). Enquanto o MBL passa a criticar ativamente o tucano, Prefeitura pretende multar o movimento por cartazes de "João Desempregador" colados na avenida Paulista, no centro de São Paulo.
O estopim para o racha foi alteração leve, segundo integrantes do movimento, da Resolução nº 16, que cria diversas regras para motoristas de Uber e demais aplicativos de transporte na capital paulista, publicada no dia 9 de janeiro. Entre as regras, exigências de curso, emplacamento específico e de vestimenta. Para líderes do MBL, resolução da Prefeitura é contraditória ao pregado por Doria em campanha.
Mais sonoro nos ataques a Doria, o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), um dos líderes do MBL, afirma que a regulamentação dos aplicativos de transporte "é um completo devaneio que vai contra tudo aquilo que ele pregou durante a campanha e no início da sua gestão".
Questionado sobre o rompimento, em entrevista ao O POVO Online, Holiday declarou crer que "houve um rompimento com o modelo de gestão do João Doria pelo próprio João Doria" e que, com a Resolução nº 16, a consequência "natural e inevitável" é a de "distanciamento". Segundo o vereador, a postura que assumirá na Câmara Municipal de São Paulo deverá girar entre "posicionamente de independência ou mesmo de oposição, tomando lugar de uma direita mais liberal".
"O movimento e eu continuamos seguindo a mesma linha de defesa do liberalismo, do empreendedorismo, da livre iniciativa, e toda as vezes que o prefeito atentar contra esses princípios, vamos ter uma postura muito crítica", complementou o parlamentar.
Em vídeo no Facebook, Holiday revela que está elaborando um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para "sustar essa resolução, ou ao menos uma parte, para que uberistas tenham uma flexibilição" das exigências da gestão.
"Agora o prefeito que foi eleito com discurso liberal, de empreendedorismo, quando chega ao poder parece que muda de ideia completamente e não cumpre com suas promessas. Entra em pura contradição quando compõe essa resolução", continua.

MBL admite que apoiou candidatura de Doria 
A página oficial do MBL no Facebook repete o vereador, e admite que o movimento apoiou Doria "com muito entusiasmo durante bom tempo" e diz ser "uma pena" a Resolução.
Em outra publicação, Thomaz Henrique Barbosa, um dos coordenadores do MBL no Estado de São Paulo, também reconhece o apoio do MBL, garantindo que "olhando o cenário da eleição passada, provavelmente apoiaria novamente", mas que Doria "já não teria o mesmo apoio". "Não tem nada a ver com grana, como gente podre já supôs. Tem a ver com ideias. O cara fez um discurso, alinhado com o que acreditamos, mas na prática não foi bem assim", diz Thomaz, em seu Facebook.
Outro líder nacional do movimento, Kim Kataguiri chamou Doria de "João Multador" em sua fanpage, em referência à reação da Prefeitura de multar cartazes do MBL.
"João Desempregador", dizem cartazes espalhados pelo MBL
Os cartazes de críticas a Doria espalhados pela avenida Paulista, que estampam "João Desempregador" – satirizando o slogan de "João Trabalhador" utilizado pelo prefeito –, argumentando que 50 mil empregos de motoristas estão ameaçados, deverão ser respondidos com multa ao MBL, conforme nota da Prefeitura, divulgada pela Folha de S. Paulo. "Equipes de limpeza já estão retirando os adesivos afixados na região", diz a Prefeitura de São Paulo.
Aliança com tucanos fica embaralhada
A proximidade do MBL com integrantes do PSDB percorre as bases tucanas de movimentos jovens da sigla até a participação nos quadros de gestão pública.
Prefeito Regional de Pinheiros, distrito da cidade de São Paulo, Paulo Mathias é integrante do MBL e um dos mais afetados pelo rompimento. No Facebook, o sub-prefeito lembra ser membro do movimento, mas afirma que "nesse episódio dos aplicativos, erraram". "A Resolução nº 16 também não é do meu agrado mas, nem por isso, vou sair por aí sujando a cidade, seja em patrimônio público ou privado, com as mesmas estratégias da esquerda que sempre condenamos", explica.
O racha, por outro lado, também compromete ainda mais a força, entre a juventude tucana, do nome de Doria para possibilidade de candidatura ao Governo ou mesmo à Presidência. Segundo um líder de movimentos jovem no partido afirmou ao O POVO Online, a popularidade do prefeito entre a juventude tucana na capital paulista é "cada vez menor", estimando apoio na casa de "um décimo". Nos bastidores, O POVO Online apurou que há insatisfação da juventude com a postura de Doria, atritos em grupos de discussão, sendo maior parte do silêncio da parte de jovens já ligados à Prefeitura de SP.
Fernando Holiday identifica que o rompimento pode gerar desconforto entre o movimento e militantes jovens tucanos, definindo como "natural, afinal de contas as lideranças tucanas são tucanas", e crê que já há "divergências, pelo menos no modo como o movimento vem atuando".
Líder da corrente Liberdade Tucana, em São Paulo, Caíque Mafra afirma que seu grupo também vê como "extremo retrocesso" a Resolução nº 16 de Doria. "Ele está indo contra o que falou no início, e colocou mais regulamentação que o Haddad (PT, ex-prefeito) . Vai aumentar o estado ", avalia o tucano. A decisão de multar o MBL pelos cartazes na avenida Paulista, segundo ele, foi "totalmente fascista" e "parece querer cercear a liberdade de um movimento pacífico".
Por outro lado, o presidente da Juventude do PSDB de São Paulo, Ramirez Lopes, diz que concorda com a Resolução da Prefeitura "pontual, que vai ajudar a regular o mercado de aplicativos e táxi", e ressalta que "a maioria dos jovens do partido não aprova o MBL" pelo "conservadorismo defendido por eles" que vai de encontro à "linha progressista do PSDB".
"Já se notava desde o início que o apoio do MBL ao PSDB não se sustentaria. Os cartazes na avenida Paulista são mais uma prova de que o MBL é um movimento que não tem rumo e está perdido politicamente. Seu propósito expirou", avalia Ramirez Lopes.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo, mas não houve resposta até a publicação da matéria. fonte jornal o povo

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