segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Profetas populares avaliam que chuvas ficarão na média


Profetas se reuniram em Quixadá para divulgar o prognóstico das chuvas ( Foto: Alex Pimentel )

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Quixadá. O período de chuvas no Ceará deverá se manter na média histórica dos 510 milímetros ou um pouco acima. Essa é a previsão de mais de 20 profetas e profetisas da chuva, como são conhecidos pela habilidade de encontrem nos sinais da natureza a definição para o quadro meteorológico do inverno no Estado. O diagnóstico foi apresentado por 23 deles no 22º Encontro dos Profetas da Chuva, realizado no sábado (13), nesta cidade do Sertão Central.
A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) considera a média histórica da quadra invernosa (fevereiro a maio) quando se registra 600 milímetros. A Fundação também reconhece como dentro dessa marca qualquer registro no intervalo de 505,6mm (inferior) e 695,8mm (superior).
A Funceme, entretanto, apresenta sua previsão somente uma semana após o maior e mais antigo Encontro desses cientistas populares, o que deve acontecer na próxima segunda (22), às 9 horas, quando o órgão estadual fará uma coletiva de imprensa na sua sede para divulgar oficialmente seu prognóstico.
Apesar disso, a atenção de muitos sertanejos se concentra nos profetas que, ao longo de mais de duas décadas, têm conquistado a confiança dos agricultores e atraído a atenção de curiosos e estudiosos. O evento também tem caráter cultural, explicam seus idealizadores, Helder Cortez e João Soares.
Um a um, os 21 profetas e as suas profetisas explicaram resumidamente as experiências para o apontamento das previsões. Diferenciado da maioria, o odontólogo Paulo Costa, de Quixadá, um dos poucos letrados, com formação superior, buscou convencer o público, incluindo representantes do Governo do Estado, o secretário de Desenvolvimento Agrário, Dedé Teixeira, e o secretário de Cultura, Fabiano Piúba, do encerramento do ciclo de estiagem, nos últimos seis anos. "A partir de 2018, teremos 10 anos sem seca", disse.
Movimento do sol
As principais observações de Paulo Costa são nos astros, no movimento do sol, da lua e de algumas estrelas. Outros profetas fazem o mesmo e, confiantes nessas análises, associadas a outras, como o movimento dos pássaros e as floradas de algumas árvores da Caatinga, chegam a garantir mais chuvas ainda nesta segunda quinzena de janeiro, embora com mais certeza a partir do mesmo período de fevereiro. Parte deles acrescentou ainda a perspectiva de inverno mais prolongado, se estendendo até julho próximo.
Nordeste
Segundo a Funceme, um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), sistema de baixa pressão atmosférica e circulação horária a aproximadamente 12km de altura, continua atuando sobre o Nordeste brasileiro, conforme imagens do satélite GOES-16. Esse fator meteorológico persiste nesta segunda-feira (15), provocando nebulosidade variável com chuva em todas as regiões cearenses ao longo do dia.
No domingo, a maior chuva do dia foi registrada em Morada Nova, na região do Vale do Jaguaribe, com 21mm. Também choveu em alguns municípios do litoral: Acaraú, São Gonçalo do Amarante e Aquiraz, além de Fortaleza. As demais precipitações ficaram mais concentradas no Sul do Estado, no Crato, Araripe, Assaré e Antonina do Norte, embora abaixo dos 5mm. Em Jati, Brejo Santo e Milagres, choveu um pouco mais. Nesta última cidade passou dos 10mm.
Nas primeiras duas semanas deste ano, a média das chuvas chegou aos 33,6mm, representando um desvio negativo de 95,8%. A nova média normal dos 12 meses, considerando os dados de 1981 a 2010, é de 800,6mm. Em 2017, o registrado nos 12 meses foi 707,2mm, com 11,7% abaixo da média anual. Os dados são também da Funceme.
Açudes
A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogher), responsável pelo monitoramento de 155 açudes públicos, registrou aporte de 1,45 milhão de m³ nos primeiros 12 dias de 2018. Mesmo assim, o volume das 12 bacias hidrográficas ainda é de 1,29 bilhão de m³, representando apenas 6,94% do total.

Frases

"Sabemos da importância do nosso papel nas previsões das chuvas no Estado. Levamos esse trabalho a sério"
Luiz Gonzaga Campos
Pesquisador de Camocim
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"Acompanhei um Encontro de Profetas na minha cidade e fiquei interessada em conhecer mais sobre a experiência"
Joelma Bezerra
Universitária de Tauá
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