Pessoas
de diferentes idades e etnias, representando a diversidade da sociedade
brasileira, é a mensagem exposta no cartaz da Campanha da Fraternidade 2018.
Com tema "Fraternidade e superação da Violência", a Igreja Católica
conclama a população em geral a refletir sobre a complexidade da questão e, principalmente,
buscar meios para superá-la. A campanha será lançada hoje pela Confederação
Brasileira dos Bispos do Brasil (CNBB), Regional Nordeste 1, em Fortaleza e já
indica pela própria imagem com todos em círculo e de mãos dadas que somente com
a união sem exceção será possível combater a violência e suas raízes mais
profundas.
Na
visão de especialistas que estudam e buscam alternativas, o tema é mais do que
bem-vindo, principalmente pelo cenário atual no Ceará que somou mais de cinco
mil homicídios em 2017 e Fortaleza, que ainda tenta encontrar razões para a
recente chacina, ocorrida no início deste ano, no bairro Cajazeiras.
O
chefe do escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em
Fortaleza, Rui Aguiar, aponta que os homicídios são a principal causa de morte
entre jovens de 15 a 24 anos e que existem oito mil adolescentes no Ceará em
situação de alta vulnerabilidade social e econômica. "A violência é a
ponta do iceberg, resultado de uma sociedade sem oportunidades para todos, indiferente
e desrespeitosa com as diferenças". Para ele, mais do que buscar culpados
pela chacina de Cajazeiras, é necessário investigar as suas razões. "A
gente precisa compreender o que está acontecendo, porque a causa primeira é a
negação de direitos, desse novo fenômeno dentro da própria violência que
impacta o jovem e adolescente com mais força a cada ano. O assunto é complexo e
exige muito de cada um", afirma.
Ele
sugere algumas alternativas, entre elas, a posição da comunidade, de não deixar
que crianças abandonem a escola em busca de renda em ocupações ilegais.
"Grande percentual das vítimas está em territórios mais vulneráveis.
Então, as Zonas Especiais de Interesse Social devem ser aprovadas, para que o
poder público possa atuar com mais reforço e incluir os que estão longe das
oportunidades".
Entrevista
com César Barreira - Sociólogo e coordenador do Laboratório de Estudos da
Violência
Fenômeno
da sociedade moderna
O tema já deveria ter sido escolhido pela Igreja?
A
violência é um fenômeno da sociedade moderna e precisa ser entendido por todos
os cidadãos, seja ele do poder público ou não. O tema é atual e importantíssimo
porque levará a todos a refletir sobre suas raízes e como fazer para
combatê-las.
A desigualdade é um desses motivos?
Ela
é o elemento impulsionador da violência. Leva o jovem a não ter expectativa.
Estamos vivenciando um extermínio da faixa etária dos 14 aos 24 anos,
principalmente de pessoas pobres e da periferia. Ele além de não estudar ou
trabalhar, não procura trabalho pela falta de expectativas de vida. É preciso
estudar as razões. Fonte: Diário do
Nordeste
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